Como escolher um programa de inglês
Numa época em que a habilidade de se falar inglês torna-se uma qualificação tanto cultural como profissional básica, indispensável, quando seu aprendizado exige um considerável investimento de tempo e dinheiro, ao mesmo tempo em que escolas e cursinhos de inglês instalam-se praticamente em cada esquina, em cidades grandes e pequenas, bombardeando-nos com mensagens publicitárias, torna-se necessário saber avaliar a qualidade daquilo que nos oferecem.
Enquanto o ensino fundamental e médio não nos proporcionar essa qualificação básica, temos que obtê-la por outros meios. Este novo mercado para o ensino de inglês no Brasil cresce rapidamente e torna-se muito vulnerável ao comércio improvisado e amador, uma vez que é difícil para quem ainda não fala a língua estrangeira avaliar a qualidade do que lhe é oferecido. É comum o aluno estudar dois anos e se dar conta de que o método não deu resultado.
Este trabalho busca proporcionar orientações sobre como avaliar e escolher um programa dentre tantos que se propõem a ensinar pessoas a falar inglês.
Padronizado ou sob-medida?
Na escolha de um programa de treinamento em inglês, evite o ensino padronizado em pacote, aquele normalmente comercializado por meio de redes de franquia. É notório o fato de que diferentes pessoas têm diferentes ritmos de assimilação. Portanto, qualquer marcha predeterminada tipo Livro 1, Livro 2 dificilmente vai se adaptar de forma ideal às características individuais de cada um. Procure sempre um trabalho sob-medida, não seriado, que respeite o ritmo de assimilação de quem precisa de mais tempo e que saiba explorar o talento dos mais rápidos.
Além disso, diferentes pessoas têm diferentes interesses e diferentes necessidades. A eficácia do treinamento será maior se as atividades forem adaptadas às necessidades e aos interesses específicos de cada grupo e de cada aluno.
Propaganda
O limite que divide a informação baseada em fatos da propaganda enganosa é às vezes tênue, e o cliente menos precavido torna-se uma presa fácil. Principalmente quando se trata de um serviço que pode levar 2 anos para revelar sua ineficácia.
Não se deixe portanto influenciar por propaganda. Talento para marketing nem sempre coincide com preocupação acadêmica e eficiência pedagógica.
Um projeto de ensino de língua estrangeira deve explicar em qual teoria de linguística se fundamenta e em qual teoria de aprendizado se inspira. Detalhes como ar condicionado, estacionamento, ambiente VIP, etc., são irrelevantes. Slogans do tipo “A melhor escola de …”, “instrutores altamente qualificados”, “metodologia moderna”, “método científico”, “curso rápido”, “escola nota dez”, “garantia de aprendizado”, são frases de efeito apenas. Opiniões abstraídas de fatos são um desrespeito à inteligência do público alvo. Desacredite das empresas que fazem uso de mídia intrusiva, tais como tele-marketing, os chamados “outdoors” que carregam pouca informação e causam poluição visual, as melodias pegajosas veiculadas por rádio, ou as enganosas mensagens por TV apoiadas na estampa de astros populares.
Quem gasta muito em propaganda repassa este custo para o aluno ou acaba economizando no professor.
Aula demonstrativa
Oferecer uma aula demonstrativa de língua estrangeira é como mostrar a muda do pé de laranjeira para tentar provar que as laranjas serão doces – para você saber se as laranjas serão doces, só depois de crescido o pé. Assistir a uma aula demonstrativa para saber se vai aprender é como olhar para o rosto dos noivos na noite de núpcias para saber se o casamento vai dar certo.
Se quiser assistir a uma aula demonstrativa, exija que seja com aquele que será o seu instrutor e leve junto um amigo que fale inglês bem para ter um diagnóstico, pelo menos, da qualidade do inglês que o instrutor fala.
Garantia de aprendizado
Qualquer promessa ou garantia de proporcionar fluência em determinado tempo é enganosa por natureza, uma vez que o ritmo de desenvolvimento de proficiência em língua estrangeira pouco depende do método de ensino empregado. Depende, isto sim, do tempo de exposição à língua (em ambientes naturais e autênticos de comunicação), bem como do talento individual de cada pessoa. Além disso, o próprio conceito de aprendizado ou fluência é extremamente vago.
Para iniciantes, significa alcançar qualquer nível intermediário que possibilite uma comunicação simples sobre assuntos concretos e cotidianos; para outros que já alcançaram este objetivo, certamente fluência significa muito mais, e para definir os diferentes níveis existem testes de proficiência como o TOEFL, por exemplo.
Portanto, o máximo que uma escola pode garantir é que procura oferecer as condições ideais para que o aprendiz desenvolva sua proficiência e deve explicar os porquês. Qualquer promessa além disto é enganosa e desonesta.
Certificado
Em primeiro lugar, saibam todos que cursos de línguas são classificados como “cursos livres” pelo Ministério da Educação, não estando sujeitos a nenhum tipo de controle nem de reconhecimento.
Àqueles que dão importância a certificado, lembrem-se que o culto ao documento como instrumento de comprovação não passa de um vício da nossa cultura brasileira, herdado da aristocracia cartorial colonialista. Não se deixem influenciar por isso. O que vale mesmo é a habilidade adquirida. Se houver uma necessidade real de comprovação de proficiência, a pessoa deve procurar se submeter a um dos vários testes internacionais de avaliação de proficiência, como os norte-americanos TOEFL e TOEIC ou os britânicos IELTS e CPE.
Business English, inglês para viagens, etc.
Será que empresários, viajantes, secretárias, médicos, etc., falam línguas diferentes? É claro que não. O que pode variar é apenas uma parcela de vocabulário e a fluência em línguas não está diretamente relacionada a simples familiaridade com vocabulário. O importante é assimilar o idioma uniformemente, em todos seus aspectos, tais como fonética, diferenças idiomáticas e vocabulário em geral, estruturação de frases, diferenças culturais, etc. À medida que desenvolve habilidade sobre a língua, o aluno naturalmente direciona a sua assimilação de vocabulário ao que lhe é mais útil. O bom ensino de idiomas é aquele individualizado, decorrente de interação humana, já naturalmente direcionado aos interesses de cada aluno, com o vocabulário já sob-medida, e não aquele atrelado a um plano didático nem limitado a quaisquer situações da realidade.
Veja com desconfiança anúncios do tipo Business English, English for Travel, etc., pois provavelmente se tratam de pacotes fechados, receitas prontas, comida enlatada.
Finalmente, vejam se o proprietário da escola é um investidor numa oportunidade de negócios ou um aficionado com qualificação acadêmica e competência linguística e cultural. Vejam também se a escola depende de um pacote didático predeterminado e rígido ao qual instrutor e aluno têm que se adaptar, ou se dispõe de talentos individuais capazes de desenvolver sua própria didática.
Referência:
http://www.sk.com.br/sk-como.html